sábado, 23 de maio de 2009

OS MODERNISTAS E AS FAZENDAS DECAFÉ



Os Modernistas nas fazendas de café.


Quem diria que a arte e a inteligência se encontrariam nas terras roxas do café?!
Imaginava-se que a vida nas fazendas era coisa de gente desinformada, preocupada, apenas, com a dura labuta da terra. Entretanto, fazendo de suas terras berço de sua vida social e intelectual desde a segunda metade do século IX, muitos fazendeiros tiveram o generoso hábito de acolher aqueles que buscavam na vida, algo mais, do que a sobrevivência. Eram pintores, artistas, pensadores, músicos. Todos buscando a legitimidade do pensamento brasileiro, procurando a identidade das nossas coisas, tentando colocar as cabeças à tona do oceano de cultura europeu, que nos influenciou.
Com a exposição pioneira de Annita Malfati, em 1917, agita-se o movimento que viria modificar o jeito de ser do brasileiro.
Modernistas: grupo de artistas da semana de 22 que comungam idéias sobre o nacionalismo representado pela arte brasileira, a arte dos trópicos.
A presença de Blaise Cendrars pode ter sido importante, como pivô da aglutinação dos pensamentos dos modernistas. Ele mostrou aos amigos brasileiros que viviam o deslumbramento da capital intelectual do mundo de então, Paris, sugerindo que a verdadeira arte e expressão, estava na sua própria terra.
Folhagens luxuriantes, expressões da indústria que se insurgem de forma definitiva, aparecem como “sinais” de comunicação nova, símbolos dos artistas dessa época, como se pode apreciar nos quadros de Tarsila do Amaral.Uma das suas fazends , ou melhora em qu ela viveude poise madua,estalá talequal, de posse de Carlos que presevou a casa e as pinturas em painieis feitas por Tarsila,na sala de jantar e com seus cordões de flores que sobrepunham a parede azul a moda da época.Três naturezas mortas, com melaçncias e flores no gesto tactil de Tarsila, e dois medalhões caças de cabeça para baixo um pouco à moda inglesa,assim como casa de tijolos,sem grandes atrativos arquitetônicos.
Foram inúmeros os artistas, que viveram essa época como é o caso de D. Julieta Bárbara, que foi esposa de Oswald de Andrade nos idos de 1930. Teve um de seus livros de poesia publicados em 1936 pela Martins Fontes, com desenhos de linhas simples ligados às propriedades rurais estruturados em traços ligeiros, ao estilo da época, gestos pictóricos, que sinalizam que o Brasil embora pretendendo se modernizar, ainda mantinha suas origens no campo.
Tais traços vieram inundar as obras, quer literárias, quer na pintura, escultura ou música: a industrialização retratada como manifestação de arte, imbuída nos espíritos da época. A novidade, a modernidade, a promessa de um futuro brilhante. O modernismo parece tudo prometer, tudo resolver.
Oswald aparece com uma força radical de transformação do texto literário brasileiro. O jargão da linguagem nesse tempo nas ruas de São Paulo, se manifesta de forma desordenada, resultante das expressões que no cotidiano, começam a surgir com a enorme imigração das mais diversas origens.
Assim se forma um abismo, entre a literatura nobiliárquica intelectual e a nova linguagem que corre nas ruas.
A poesia “pau-brasil”, representou uma guinada de 180º nesse status quo .
Repôs tudo em questão, em matéria de poesia e sendo radical na linguagem, foi encontrar, na ponta de sua perfuratriz dos estratos sedimentados da convenção, a inquietação do homem brasileiro novo, que se forjava falando uma língua sacudida pela “contribuição” milionária de erros, num país que iniciava- precisamente em São Paulo- um processo de industrialização que lhe acarretaria fundas repercussões estruturais.
Os bafejos da cultura de há muito estavam ampliando as consciências de nossa elite intelectual. E a economia cafeeira, produzia os recursos para esse desenvolvimento, como também a industrialização, mostrando a novidade como o fato de valor que impelia a vanguarda para manifestações transformadoras da realidade e o cotidiano dos paulistas.
Pergunta-se:- Quando estavam no Brasil, aonde se deleitavam esses artistas!? Em que fonte bebiam a razão de suas obras modernistas, a sua necessidade antropofágica?
Foram os salões de arte moderna de São Paulo, o centro das suas manifestações; mas a alimentação criativa se passava nas sedes das fazendas.
Lá atuavam, sentindo as raízes da terra, trocavam experiências, debatendo pontos de vista e produzindo obras inspiradas nos temas locais. Tais propriedades pertenciam a fazendeiros letrados e intelectuais. Já ricos, por herança, a partir de numerosas colheitas, transformam-se em famosa elite . Convivem em Paris, Viena e tantos outros lugares, centros de cultura internacional. Para lá vão estudar, encontrar-se com artistas, formar seus ateliers e gozar da intelectualidade que mais e mais os tornavam diferenciados do resto da população brasileira. Por isso talvez, voltassem com idéias renovadoras, “modernas” que chocavam.
Desse contraste, surgem esses artistas que se uniram na busca de proteção de seus ideais.
A Semana de 22 vem mostrar que se tratava de um grupo organizado e disposto a mudar, modernizar o país e sua consciência intelectual.
Paulo Prado, é um dos representantes mais legítimos dessa casta intelectual, cuja influência se estende por seus descendentes. Conhece Blaise Cendrars em Paris, na Livraria Charles Chadenat em 1924, e conversando ficam amigos correspondendo-se por toda vida.
Paulo, o convence a vir ao Brasil. Aqui o apresenta a toda claque franco-brasileira: os modernistas. Viajam em grupo, seguem para as fazendas, para Minas Gerais, para o São Francisco, vão em busca das origens da terra, das raízes das vontades brasileiras. Convivendo em Paris, é nas fazendas, entretanto que deixam obras, como na Fazenda Morro Azul, visitada por Cendrars, durante a gestão de Luis Bueno de Miranda ou na São Martinho, dos Prado, onde se hospeda por diversas vezes.
Nessas fazendas ele identifica o perfil da Torre Eiffel, chamando-a de Sideral: documenta uma formação estelar que desenha sobre os céus do hemisfério sul, a torre mais famosa da modernidade.
A original Torre Eiffel, torna-se símbolo da industrialização e da arquitetura do ferro na Europa. Não há artista dessa época que não a considere de uma forma ou de outra em seus trabalhos, a ponto de Cendrars conseguir enchergá-la no céu da Fazenda Morro Azul.

O pai desse tema, na Europa, teria sido Robert Delaunay, que, fascinado pelo valor estético da criação industrial, a utiliza em quase todas as suas pinturas.
Em 1923 chegam a Paris os artistas modernistas, que travam contato com Jean Cocteau, Jules Romain, Juan Gris, Supervielle,Valéry Larbaud, Paul Morand. Giraudoux, Ivan Goll, Robert Delaunay, e tanto a outros
Tarsila e Oswald visitam Cendrars, em sua casa, à rua Mont-Dore, em Paris. Lá, ele oferece aos dois um óleo sobre carvão, que pintara ainda com a mão direita em 1913.... “À Madame Tarsila do Amaral en souvenir de la bonne visite au Mont Dore ”.
Nessa ocasião, com a perna quebrada , foi visitado por Roberto Delaunay. E qual foi o produto artístico produzido? Uma pintura da Tour Eiffel,... “ Eu via pela janela ( do hospital) a torre Eiffel como uma garrafa de água cristalina.”
A tropa de choque modernista vai passar o verão em Paris em 1923. Yan de Almeida Prado recebe notícias de seu amigo Serge Milliet, cronista da época, falando das conferências na Sorbonne, com leitura de poemas de Mario de Andrade.
A chegada ao Brasil de Blaise Cendrars, com embarque dia 12 de janeiro de 24, vindo do porto de Havre, no cargueiro Formose, deixa transparecer nos seus versos, o desencanto ...nada mais me interessa a seu bordo... quero esquecer tudo, não falar mais suas línguas e quero dormir com negros e negras, índios e índias , animais e plantas.
Possível imagem fantasiosa de se libertar dos conflitos de todos nós com o cotidiano.
Instalado no Hotel Vitória do largo do Paisandú, Cendrars dá início aos contatos com a elite intelectual, circulando da casa de Paulo Prado à mansão da Vila Kirial. Tarsila relembra 15 anos depois, após fartas viagens intelectuais do grupo, que ela “sem desejo de fazer escola, sem premeditação realizou a pintura que chamaram de pau-brasil.
Sob influência também desse grupo, é que se decide fundar uma entidade que proteja o patrimônio histórico do Brasil: A Sociedade de Amigos dos Monumentos Históricos do Brasil. Tal projeto ambicioso prevê a possibilidade de desapropriar, identificar, e tombar os bens. Cendrars não se esquece de incluir as fontes de receitas financeiras e também a divulgação e estabelecimento da proteção pública, colocando-os em museus.
Sua passagem pelas fazendas de café no interior paulista marcou sua sensibilidade: ...estou coberto de terra roxa, vejo um pedaço de estrada uma árvore, um vôo de pássaro e o calor, implacável do interior...vejo as vespas nos jasmins....um milhão de lembranças que revivo ou melhor vivo...a rede balancçando. Paulo Prado coloca à sua disposição um Ford conversível que o leva para os arredores em Sta. Cruz das Palmeiras.
Em maio de 24 ele passa uns dias na Fazenda São Martinho, a maior fazenda do Brasil, que o inspira a um dos melhores livros que escreveu aqui no Brasil: “A metafísica do Café”... assentadas sobre as colinas , um mar esmeralda, um oceano profundo, sombrio, taciturno, e como petrificado: tres ou quatro milhões de pés de café...
Que espetáculo!
Quiz gritar de admiração. Porém grandeza demais constrange, sufoca angustia.
Não tinha palavras. Então me pus a pensar vertiginosamente...."
A Fazenda São Martinho, cuja sede de enorme beleza foi demolida posteriomente, era propriedade do Conselheiro Antonio Prado e foi palco de encontros dos artistas e da família Paulo Prado. A obra Febrônio, de Cendrars é dedicada ao Conselheiro. Suas visitas se sucedem à São Martinho e Sta. Veridiana, à Brejão onde morou Eduardo Prado, que mais vivia a Europa do que no Brasil.
Na São Martinho se escondem, na revolução de 24, do general Isidoro. E dessa convivência, após a publicação de Retrato do Brasil( autoria de Paulo Prado) , é que Cendrars, descobre e aprofunda sua relação com a cultura brasileira, bem aparente em sua obra Boulinguer.

O mesmo amigo, Paulo Prado, o convida para a fazenda Morro Azul, de Luis Bueno de Miranda, ex-funcionário da Casa Prado & Chaves. Luis Bueno de Miranda , excelente fazendeiro , introdutor de um novo método de plantar café, apaixonado por Sarah Bernhard e astrônomo amador, é homenageado pelos dois amigos escritores: Oswald com o poema Morro Azul no livro Pau Brasil, e Cendrars com Lotissement du Ciel, em A Tour Eiffel Sideral.
Com D. Olívia Guedes Penteado, voltando da Europa em 1923, as sessões passam também a se realizar na fazenda Sto. Antonio, em Araras, de sua propriedade. Lá são publicados livros, ficam desenhos da Tarsila, textos de Guilherme de Almeida e música de Villa-Lobos , Georgina Galvão, Vicente de Azevedo e tantos outros convivem criando e fazendo a HISTÓRIA.
D Olívia traz na sua bagagem Picasso, Leger, Braque, Lhote, Brancusi, Lipchitz, Foujita, Marie Laurencin e tantas obras modernas quando surge o primeiro Salão de Arte Moderna em São Paulo, em sua casa. É dessa época também a vinda do artista Lasar Segall que vem aqui se radicar. Deixou pinturas realizadas na fazenda Santo Antonio, como a “Bananal”, com cabeça de antigo escravo da fazenda.
Pintou Sr Godofredo Silva Telles, marido de D. Carolina Penteado da Silva Telles, ambos os quadros estão hoje na Pinacoteca de São Paulo.
Não só influenciaram os modernistas na pintura, literatura e poesia, mas na consciência de uma brasilidade com a formação da então Villa Kirial e o pensionato artístico que viabilizou muitas idas a Europa e bolsas para formação de músicos, como Souza Lima, Candidodea Arruda Botelho, Maria do Carmo Monteiro da Silva, Francisco Mignone e outros.
Os modernistas portanto foram os propulsores de uma nova mentalidade brasileira que sempre abrindo portas para o novo, e para o que deveria mover o progresso, acabam por dar um tiro nos pés do próprio grupo social, terminando por eliminá-los das posições de mando à medida que os primogênitos iam falecendo.
A atividade cultural nas Fazendas foi profícua , pois que além da produção agrícola de vanguarda, com todas as técnicas da modernidade inseridas, fez também o desenvolvimento intelectual e a formação de valores de uma nova geração de brasileiros.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O FRANCÊS, A MULATA E A TV

O FRANCÊS, A MULATA E A TV.

Merde, merde, gritou o francês, pegando no pé que acabara de bater num degrau inconveniente em meio às pedras de ardósia do passeio público por onde passava. Dor para que dor? Ao olhar o chão e a pedra assassina, imprecação do francês, vê as formigas que ali faziam também seu passeio carregando folhas secas para o Palácio luxuoso.Certo ficava no interior da terra, situado na Av. Paulista, mais perto da beirada da via pública onde carros galopavam com buzinas estridentes... Merde,repete de novo o francês, na sua praga favorita. Afinal qual o francês que não fala MERDE? Seu dedo do pé, com unhas bem organizadas e bem cortadas sofrera uma violência!
Tema para um debate! Gostava de debater, e pensamentos voavam, sobre o certo e errado, como a política fazia tudo errado, como os motoristas eram mal educados, como as coisas nunca iam do jeito que tinham que ir,...Suas reflexões seguiam assim, quando sentiu uma emoção, um arrepio,uma sensação de prazer antecipada,quando uma pele cheia de brilho, um perfume, um gesto, um balançar de cadeiras, vai passando ao seu lado na calçada. Seu olhar maroto, se inclina, faz um risinho, e brilha mais e mais, e um sorriso se insinua nos cantos da boca, desbarbada,... passa perto dele uma mulata! Ganjenta, bem vestida, cores fortes, saias curtas, pernas gordas, arredondadas e musculosas, que se apressam para pegar o Metrô.
Lembra, vendo sua imagem, os desenhos de Debret, outro francês que esteve por aqui no séc XVIII. A cultura se mistura à reflexão e ao instinto carnal. Não mede esforços: movimenta-se em direção, vai seguindo, olhando à direita e à esquerda,,,, pode-se ver que está à procura de alguém. Por instantes sua atenção é desviada para uma vitrine, bolsas grandes como dita a moda, a França um pais de moda, incutido no paladar francês.
Sente-se confuso, gostava das cores, lembrava sua viagem à Bahia também acolhedora, saudosa, colorida, e pobre;por isso talvez, que era linda, as coisas primitivas, o seu jeito franco de ser, o perigo iminente que se vivia no ar, o exotismo, a ameaça de uma briga no pier. Todos eram dente por dente, olho por olho, e finalmente ele chega ao Metrô. Um pouco cansado é verdade, dada a pressa com que viera atrás daquele petisco indizível, aquele pedaço de um bom caminho, aquele grupo de contingências, aquele balançar de pulseiras, aquelas cores vermelhas e laranjas a estimular a sua retina e as promessas do desejo, satisfeitas.
Antevia o gozo, que o esperava... Todos os europeus gostavam das nativas... Porque seria? Talvez o tanto que exóticas, a fantasia de um país estrangeiro, a facilidade de acesso e a pouca exigência de desempenho que as nativas ofereciam. Os europeus tiveram vida dura, muito educados, exigente e, portanto, castradores... Críticos, aqui não; aqui não se fazia critica, aqui se permitiam as coisas, os amores, os enlaces, a descontinuidade da paixão.... O objeto do desejo vivo, alegre, cheiroso.
Mas ela gingava à sua frente agora, e como um açodado meneou a cabeça, consegue sua atenção e entabula conversa. Mas que bela cor, você tem, e já a mão ligeira esticada e a vaidade assoberbada, encontra a pele que se arrepia, no seu toque ligeiro, delicado de um bom entendedor.
Já no piso do Metrô convida:
Vamos tomar um cafezinho?
Ela estica o lábio, faz um muxoxo, de quem sabe que está agradando e finge não querer a tentação.
Mais um pouco, já no cafezinho ele insiste em se conhecerem melhor, trocam olhares, ele faz festa, a graça da relação já instalada. O hotel em frente ao Metrô é o alvo escolhido e perfeito.
Sobem as escadas com graça e ele dá um tapa em sua bunda redonda e musculosa, e sobe atrás dela, por escadinhas bem antigas de madeira torneada.
A porta do quarto se abre, com o clarão da luz da noite que começa e mostra o final do dia. Boa hora, gostosa, calma, fora do rebuliço das ruas.
A colcha de flores grandes coloridas e chamativas ,aquece o ambiente.
As cortinas transparentes e coloridas de uma azul lilás deixam ver os anúncios das fachadas do vizinho.

Carícias, afobação, sapatos de salto jogados para o ar, e a cena de amor vai se configurando ao gosto, cada vez mais apetitoso. A Tv é ligada, para criar mais uma clima pela morena jambo que se desfaz em atenções com o novo amigo, amante ou .... algo especial,.... Quem sabe uma viagem para a França, pensou logo a mocinha, quem sabe morará em Paris?? Paris aonde fica mesmo, seria na França ? A dúvida desvia seu olhar, e ela vai ao banheiro, ( ou ao toillette, como diria o francês) por um instante. A TV mostra um jornal. A questão, diz o jornalista, é que a invasão do Iraque agora completaria mil dias e outra bomba explode no meio da cidade... Um grupo de debatedores a postos no estúdio, dá inicio ao debate. O francês se instala para dar uma olhadinha sentado na cama, de cuecas azuis de bolinhas, sapato preto e meia preta.... fica olhando o debate....

A morena volta faz um abraço por trás, mexe no seu cabelo, e ele ajeita de novo a cabeça, se safando das carícias que agora pareciam descabidas.
O cientista político afiança que a guerra não terá fim, outro rebate e assim as horas vão se passando e o francês não consegue tirar olho da TV e a morena desanima e deita para um cochilo enquanto espera, os sonhos de ir para a França, vão se misturando aos sonhos de verdade do dia a dia,do Metrô que não pára quando ela quer entrar, no pulo do gato no telhado do vizinho ....Lá pelas tantas, o francês se cansa, desliga a TV deita ao seu lado de costas,,....e dorme. Et il ronfle.

O amor subjugado pelo debate!!!!
Ficará para amanhã?