sábado, 6 de dezembro de 2008

o prazer de escrever....e de contar histórias

foto da Academia Paulista de Letras no Largo do Arouche Sao Paulo. Foto pór Sergio de Almeida Prado-1965


Estive essa quinta feira como sempre, presente à APL, ou seja Academia Paulista de Letras, onde alguns escritores, os dito acadêmicos, pretendiam falar ou ler seus contos de Natal.

Ruth Rocha, que não pode estar presente enviou texto que foi lido por Loyola. Seguiu-se o texto de Antonio Penteado também ausente , mas lido pela Acadêmica, Ana Maria Martins.

De tanto frequentar esses amigos , quase me sinto em casa, longe porém da idéia de ser também uma Acadêmica. Até porque não o sou. Sou inovadora, questionadora, e portanto não posso ser acadêmica.

Foi curiosa a sessão, pois o sol jovem e bonito vinha através de um céu azul total,milagroso entre tanta chuva que tem atingido essa parte do país com direito a enchentes e tristezas mil. Por entre as janelas de veludo vermelho que lá se perpetuam, espia ele com raios penetrantes.... .... lá, ele vê, tudo um pouco parado no tempo, até as pessoas, que aí frequetam via de regra as mesmas de sempre, amigas da CASA e onde se enaltecem os personagens que ali estão eleitos : Acadêmicos.

Encontramos sempre Luis Ernesto Kawal....que fez a orelha do meu livro Fazendas Paulistas do ciclo do café, em 1978, Sarita Guimarães, Helena prima de Ana Maria, e outros tantos amigos. Há sempre alguma autoridade convidada para o chá dos Acadêmicos.

Importante a existência da Academia, pois de uma certa forma são referência para o hábito de escrever e de pensar e de debater questões. Pena eles possam pouco influenciar as decisões da vida politica.... ou transformar as questões de direito nas realidades impostas pela nova concepção de mundo. Muitos dos Acadêmicos têm trabalhos importantes e manifestações ainda mais importantes sobre a realidade brasileira!

Mas Lígia , a diva , engraçada, cheia de humor, contou com seu estilo circular que leva o texto para o espirito agudo e a curiosidade do leitor ou do ouvinte, e depois o trás de volta. Narrou o conto Natal na Barca...... Todos acompanhavam a graça que ela faz, fingindo ser simples e ter uma certa dificuldade de contar histórias, pois segundo ela, sabe escrever, mas não contar histórias... brincadeira é claro. Ela sabe tudo, a arte de brincar com as pessoas, de brincar com sua inteligência, de fingir que esqueceu o texto e o retomar, com gaîté, com graça, com inteligência. Nisso se sobressaindo e brincando com a inteligência dos que ali se encontram através da narrativa de uma história curta, dramática, de uma criança que está morta, mas depois se supõe viva no colo da mãe, e ambas sózinhas... quero ficar sozinha, pensa, reflete ela, mas aí se repete a presença da mulher ao contar sua história, estabelecendo a intimidade, fazendo-a participar de seu achêgo, de sua pertinência, de sua aproximação solidária.

Não quer ser apegar, não é esse o dia nem o momento, mas a mulher lhe solicita atenção para sua desgraça ambivalente e anunciada, que depois passa e virar crença, ou mistério, ou nada mesmo...apenas e mais uma vez um escritor que arranja e inventa um pretexto para escrever . A noite negra, fria e assustadora narrada.... esta que chega ao raiar do dia em tons de verde, quente e acolhedora.... das dúvidas, dos mitos, das verdades escondidas e que se revelam na manhã que chega ...assim o conto de Lígia nos faz correr por uma massa de água que se transforma em conto ... em história , em nada. Afinal o fingidor finge que sente a dor, a dor que deveras sente.....


Natal na Barca , Ligia Fagundes Telles.

Primeira


Primeira tentativa