quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

LA TOUCHE ETOILE..... tocando as estrelas


LA TOUCHE ETOILE....tocando a estrela !

Em elegante elogio à maturidade, Benoîte Groult, ativista e feminista francesa, constrói um tecido delicado, e cheio e emoções de quem já viveu bastante e pode de cátedra falar sobre a vida, os sonhos, os amores e paixões, os desentendimentos, enfim esse caldo expressivo e forte de quem viveu a vida para valer.

Seu texto é inquietante, com aquela semelhança adquirida do deixar fluir as emoções através da ventura de viver, como ela mesma diz: “A velhice é a mais solitária das navegações”.
O curioso nessa imaginação da velhice, é que é a realidade e não a imaginação que desenha o caminho da narrativa.
Recorre à personagem MOIRA, deusa grega do destino, do inexorável, promove a observação, o sentimento e até através dela atrai os julgamentos, buscando uma contemplação. Apesar de menosprezado na nossa cultura, o feminino gera a possibilidade da mudança, o perdão, a transformação, impregnado que é da sensibilidade que reveste quase todas as mulheres. Mergulha na questão do apelo da mãe, no difícil embate das relações amorosas, do doares, ser e vencer de cada tempo e espaço numa relação afetiva.
De como o amor deve ser correspondido, deve ser entrega e doação, mas também ser resposta e fantasia, e persistência na relação. Justifica sem fazê-lo, sua busca por outro amor, casada que é com um D. Juan ávido de conquistas e afirmação própria.
As demandas do inconsciente se espalham nas dúvidas da validade de uma paixão. Devemos passar nossa vida simplesmente amando a uma só pessoa, e deixando de viver outras emoções e outras relações?

Difícil pergunta que demanda uma mais difícil resposta. “São as respostas que nos matam”. Assim ela narra: “ Obrigado por ter me mantido vivo graças aos nossos encontros e às suas cartas, me permitindo acreditar que a despeito de tudo ainda um dia ficaríamos juntos. Senti-me morrer tantas vezes ao me afastar de você !!Agora a morte não me causa medo! "

Na verdade nunca acreditamos, de fato, que a morte esta próxima ou que vai chegar a não ser por um relâmpago diante do desenlace final.
Sentimos sempre que ela está distante envolvida numa bruma irreconhecível, que nos impede de ver ou enxergar. E mergulhando ali como se leve ficássemos, como se o céu nos mostrasse a leveza do ser... ficamos mais felizes às vezes, pela singela possibilidade de liberdade total ou final. Voar...conquistar os espaços, o azul do céu, ainda mesmo que o céu esteja chuvoso... ser livre, voar....Parece ser o momento da morte.

Por um lado se vai ao cinema sozinho... tantas e repetidas vezes, isso para as mais sábias que insistem em viver e se divertir , mesmo que sozinhas. De outro lado temos tantas experiências dentro de nós, que poderíamos só viver a vida lembrando e vivendo cada uma das enormes alegrias que desfrutamos nessas ocasiões. Somos a primeira geração de avós abandonados!!!Afirma ela. Pós 1968, a família começa a se diluir e suas relações também. Assim nossos filhos partem aos 18 ou 19 anos, os maridos se vão ou os levam e a mulher fica tentando levar uma vida alegre, digna... Porém sozinha!
Qual foi a hora que deixamos de desejar com o corpo e desejamos com a cabeça??
Se pergunta ela.

Nenhum comentário: